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domingo, 27 de abril de 2008

Estilos regionais do jazz cigano

Os ciganos do Sul da França eram talvez um pouco menos nomâdicos, e seus estilos refletem suas outras influências regionais, incluindo música da Córsega e outras regiões mediterrâneas. Os estilo Parisiense começou como jazz de certos ingredientes locais adicionados pelos muitos capazes guitarristas da cidade. Portanto, o estilo de Paris é o mais diverso tanto no próprio estilo da guitarra quanto em repertório. A linha comum é a guitarra acústica à la Django, sempre tocada com perfeita técnica, e a singular habilidade cigana de colocar aquele certo dó-ré-mi em qualquer tipo de música que toquem.

O estilo Alsaciano é marcado por sua batida (
pompe) rítmica percussiva, onde a tonalidade do próximo acorde é mais forte bem na passagem do acorde. Também é conhecido pela intensidade. Muitos dos solistas alsacianos tem um tom forte, que "morde". Alguns, como Tchavolo Schmitt, tocam com total desapego; outros, como Biréli Lagrène, tocam com uma ferocidade mais controlada. De qualquer modo, o som é confiante e para frente. Este é consideravelmente diferente do estilo Belga-holandês, onde a maneira de tocar é mais lânguida - se é que se pode usar essa palavra quando se está falando de jazz Cigano.

O estilo Mediterrâneo é uma alegre mistura do estilo Django e música Latina, em particular, música Corsa. Está praticamente extinto hoje em dia. Os guitarristas que o desenvolveram - Bousquet e Tchan-Tchou - estão mortos. O estilo é exuberante e fogosamente rápido.

Estes guitarristas tinham um "toque" diferente na guitarra: Bousquet era mais leve; Tchan Tchou mais forte. Bousquet tinha uma velocidade incrível; Tchan-Tchou, uma técnica infalível. O repertório incluía standards de jazz, bossas, valsas, e vários tipos de música mediterrânea. Bousquet gravou com uma variedade de cantores corsos, e há filmagem dele tocando alguma impressionante música mediterrânea com seu aprendiz, Moréno Winterstein. Moréno é mais do que capaz de tocar no estilo de seu mestre - ele pode ser o único hoje em dia que consegue. Mas para o talentosíssimo Moréno, é apenas um estilo que ele dominou. Há aqueles guitarristas que podem tocar os solos de Bousquet, mas não soam como Bousquet.

Paris é o lar do jazz Cigano e o lugar onde as próprias influências de Django - jazz americano e o bal musette - ainda são fortemente sentidas. As coisas que influenciaram Django ainda estão ajudando a guiar os guitarristas parisienses de hoje. No entanto, Paris é também o lugar em que a influência de Django como guitarrista é a mais fraca. Por que? Porque quando Django morreu, em 1953, não havia um interesse particular de outros guitarristas em levar adiante seu legado. Eles podiam ser influenciados por Django (entre outros), mas não se sentiam compelidos a segui-lo. Ao fim da guerra, guitarristas fortes como Sarane Ferret já estavam começando a abrir caminho para tocar seu próprio estilo de jazz de cordas parisiense. Guitarristas posteriores, como Henri Crolla e Christian Escoude inspiraram-se no grande cigano, mas seguiram resolutamente seu próprio caminho. Esta é a griffe do estilo Parisiense - seguir o próprio caminho.

É claro que sempre houve aqueles instrumentistas cujo estilo desafia qualquer categorização - Baro Ferret, Koen de Cauter, Francis-Alfred Moerman, para nomear alguns.

É uma grande parte do apelo e do charme do jazz Cigano - a maneira que se desenvolveu em muitas direções diferentes sem perder a visão de onde veio. Todo estilo tem algo para recomendá-lo. O gênio dos gigantes dos primórdios - os clãs Reinhardt e Ferret - garantiram uma base forte o suficiente para manter todos estes vários estilos regionais. Ainda assim, se o isolamento que ajudou a desenvolver esses estilos for diminuído, não significa que não haverá desenvolvimentos posteriores.

Há muitos guitarristas talentosos mundo afora tocando o jazz Cigano. Muitos deles farão contribuições a estes vários estilos regionais. Eles podem simplesmente não habitar a região em questão - ou mesmo o continente.


Scott Wise, in Django Reinhardt and The Illustrated History of Gypsy Jazz (p. 169-171). Speck Press; Denver, 2006.

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