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segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

Manouches du Brésil

Como foi comentado em outro post, o jazz manouche vem conquistando um número razoável de adeptos, especialmente entre os músicos. Com a colaboração do "leitor-repórter" Felipe Salvego, o DJANGOLOGIA listou 11 BANDAS e 5 ARTISTAS SOLO com influências do gênero em vários estados do Brasil.

Muitos outros podem ter ficado de fora. O levantamento, portanto, será constantemente atualizado. Informações adicionais serão acrescentadas e corrigidas à medida que forem confirmadas. Qualquer banda e/ou artista solo que deseje pode ser incluído no mapeamento. Basta entrar em contato com o Editor.


BANDAS (12)

- BH Gypsy Jazz (Belo Horizonte, MG)

- Cassio Poletto Hot Club (São Paulo, SP)

- Jazz Cigano Quinteto (Curitiba, PR)
www.myspace.com/jazzciganoquinteto

- Hot Club de Piracicaba (SP)
www.myspace.com/hotclubdepiracicaba

- Hot Club do Brasil (Taubaté, SP)
www.myspace.com/hotclubdobrasil

- Hot Club de Vitória (ES)

- Hot Jazz Club (Campinas, SP)

- Le Garagem (Rio de Janeiro, RJ)
www.facebook.com/group.php?gid=103668809010

- Poucas e Boas (Curitiba, PR)
http://mauroalbert.webng.com/poucaseboas.htm

- Santa Maria da Feira
www.myspace.com/santamariadafeira

- Receita da Felicidade
www.myspace.com/receitadefelicidade

- Chez Jacquet


ARTISTAS SOLO (5)

- Edgar de Almeida
www.myspace.com/edgardealmeida

- Leandro Martins

- Paulo Arguelo

- Raphael Saccomani

- Rodrigo Nassif
www.myspace.com/rodrigonassif

domingo, 9 de janeiro de 2011

As inspirações ciganas de Eduardo Mercuri



O que tem de prolífico, o compositor, arranjador, guitarrista, bandolinista e violonista Eduardo Mercuri tem de eclético. Eduardo, de 23 anos, participa de nada menos do que seis projetos musicais, em diferentes vertentes: Mercuri Duo (instrumental de cordas com o irmão, Emílio), Bayaka e Omundô (música étnica), o trio Receita de Samba (choro, Samba e outros ritmos brasileiros) e Eu, Você e Maria (como arranjador, mesclando batida eletrônica e instrumentos de cordas).

Se você só contou cinco projetos no parágrafo acima, é porque ficou reservado para este parágrafo o trabalho que o traz até o DJANGOLOGIA: Eduardo é o líder do Jazz Cigano Quinteto, outro grupo curitibano que busca resgatar a sonoridade do Quintette du Hot Club de France e de Django Reinhardt.

Seu primeiro álbum, O Timbre das mãos, está disponível para download. Entre sambas, choros e outras músicas brasileiras, duas faixas se destacam para os admiradores do jazz manouche: Ciganisses e Tzigane Swing.

O álbum próprio do Jazz Cigano Quinteto, segundo ele, deve ficar pronto em dois meses, e trará mais mistura do estilo aos ritmos brasileiros - já que, nessas duas primeiras faixas, a intenção era fazer apenas uma homenagem.

Eduardo nasceu em Curitiba, e começou a tocar, por influência do pai, também músico, aos 11 anos. É licenciado em Música pela Faculdade de Artes do Paraná (FAP). DJANGOLOGIA conversou com o músico para saber mais sobre o disco e as influências de Django Reinhardt em sua vida.


BATE-PAPO / EDUARDO MERCURI

Como você conheceu o jazz manouche? Foi por meio do próprio Django ou de outro artista?

Conheci pelo youtube, quando estava vendo uns vídeos de um guitarrista sueco chamado Andreas Öberg. Fiquei impressionado com ele tocando a guitarra elétrica, daí, fuçando pelo youtube, achei uns vídeos dele tocando violão manouche. Isso foi bem na época em que comecei a me interessar por jazz. Depois disso, assisti ao filme Poucas e Boas, do Woody Allen, me apaixonei completamente e fui atrás das gravações do Django.


O que mais lhe atraiu no estilo?

Várias coisas, e talvez a grande soma delas.
Primeiro, por ser um estilo de jazz antigo e que marca muito uma época. Não é possível escutar o jazz manouche sem se deixar levar a imaginar a atmosfera em que as pessoas viviam nas décadas de 30 e 40.
Outro ponto marcante é a fácil assimilação do estilo. Por ser antigo, acredito que é muito mais simples de se assimilar do que uma música do [John] Coltrane ou algo mais atual como uma gravação do Kurt Rosenwinkel.
Outro ponto forte é a grande emoção que é passada. Como em todas as vertentes da música cigana, o músico não toca aquilo porque sabe [tocar], apenas. O sentimento é muito presente!
Outro atrativo grande, principalmente para nós, brasileiros, é a proximidade com a linguagem do choro. Fico imaginando um encontro entre o Django e o Jacob do Bandolim, ia ser séria a coisa! Hehehe!
O último atrativo pode ser a virtuosidade dos instrumentistas do estilo, e o fato de ser algo tocado no violão, e não nos instrumentos clássicos do jazz, como trompete, sax, etc.


Como surgiram os temas das faixas que tem base no estilo manouche?

O tema Ciganisses fiz em duas sessões. Eu queria fazer um tema de jazz cigano, e me empenhei nisso. Foi bem no começo da minha interação com o estilo. Compus o tema, mas ele ficou meio desorganizado. Uns 7 meses depois, um amigo me deu dicas sobre quadratura melódica, sobre tamanho (em compassos) de cada parte, A e B, e acabei terminando o tema.
Tzigane Swing saiu em uma tarde, muito rapidamente. Eu tinha passado a tarde tocando com meu amigo Vinícius, que toca comigo no Jazz Cigano Quinteto, então no meio das conversas e toques fiz a frase inicial. De improviso, saíram mais duas frases e eu disse: - Isso pode virar um tema. Acabou que virou mesmo e naquela tarde eu já estava com a partitura escrita!


Como é o seu processo de composição?

O processo de composição é algo muito natural comigo, eu penso que compor é algo como um exercício, quanto mais você pratica mas fácil e mais rápido as idéias surgem. Geralmente elas acontecem quando eu passo um tempo tocando tipo uma tarde inteira, daí quando estou bem aquecido e atento as idéias boas aparecem.
Tem um tema no disco que o processo de composição foi muito louco, pois foi no carro dirigindo, eu tinha saído de um workshop com o guitarrista Michel Leme e tava indo buscar minha mãe com aquelas idéias musicais na cabeça, então fui cantando e dirigindo. Quando cheguei, enquanto esperava ela, gravei no celular a parte B do tema.


Que instrumento usou nas gravações?

Foram usados diversos intrumentos no CD inteiro.
Nas faixas ciganas, usei o meu violão manouche Hofma com boca em D para gravar as bases, e o violão do Vinícius, um Hofma com boca oval para os solos.
Na faixa ”Mentira!” usei um violão de cordas de nylon do luthier João Batista (JB) de um amigo, e o meu bandolim do luthier Marcos Fachel.
Na Faixa “Conselho de Amigo” foi usado o violão JB novamente e o meu Bandolim, a guitarra foi uma Gibson – Es 175 de um grande amigo e guitarrista chamado Oliver Pellet.
Na “Tarde de Abril”, foi o violão JB e a minha Condor acústica modelo do Nelson Faria.
Em “Nebuloso dia” foram usados o violão JB e o bandolim do Marquinhos.
Em “Nublado” foram a Gibson Es – 175 e o Bandolim do Marquinhos.
Em “Amarelo” foram usados o meu Bandolim, uma viola caipira rozini, o violão manouche com boca em D, um violão com cordas de nylon do mesmo luthier do meu bandolim, que eu peguei emprestado e a Gibson do Oliver.
Em “Indo Ao Cinema” usei a minha Condor, e uma Ibanez semi-acústica do Vinícius.
Em “Na Hora do Rush” usei uma Gibson Lucille de um amigo e um violão emprestado do meu Luthier.



FICHA TÉCNICA

FAIXAS

1 - Mentira!
2 - Conselho de Amigo
3 - Tarde de Abril
4 - Nebuloso Dia
5 - Nublado
6 - Ciganisses
7 - Amarelo
8 - Tzigane Swing
9 - Indo ao Cinema
10 - Na Hora do Rush

ARRANJOS E COMPOSIÇÕES: Eduardo Mercuri
INSTRUMENTISTAS:

Eduardo Mercuri – guitarras, violões, bandolins, viola caipira
Lucas Baumer – bateria (2,7,10)
Graciliano Zambonin – bateria (1,3,4,9)
André Nigro – bateria (5)
Junior Dunga – baixo (1,2,4,7,9,10)
Fred Pedrosa – contrabaixo acústico em (6,8)
Hely Souza – contrabaixo acústico (5)
Elton Machado – contrabaixo acústico (3)
Gabriel Castro – sax alto (5,10), sax tenor (9)
Alexy Viegas – piano (5,9,10)
Evandro Cardoso Manchinha – gaita Ponto (1)
John Theo – violino (6,8)
Gusta Proença – triângulo (1)

terça-feira, 4 de janeiro de 2011

Mudança no subtítulo

Aos prezados leitores do blog, notifico uma pequena, mas significativa mudança no título do blog e nos posts subsequentes.

Vinha adotando, até então, a denominação jazz cigano, simples e conveniente tradução do "gypsy jazz" do inglês, "tzigane", "gitan", etc. A partir de agora, passo ao jazz manouche.

Venho percebendo que os envolvidos musicalmente no movimento têm preferido essa última denominação. Talvez por mais exótica, o que, mercadologicamente, é interessante. Também, por ser menos batida do que o termo cigano, que nos remete aqui no Brasil a elementos visuais e musicais completamente diferentes do que se encontra nesse estilo.

Pensando sobre o pastiche de cultura cigana proporcionada geralmente pelos meios de comunicação, concluí que não só a denominação manouche é mais atraente aos ouvidos como também de certa forma demonstra maior respeito à cultura da qual se originou o estilo.

Cigano, gitano, gitane, etc, são as denominações equivocadas dos europeus de quando se pensava que eles, devido à pele escura e traços finos, tinham vindo do Egito. Pesquisas recentes traçam a origem do povo Romani (como eles se chamam) à Índia. Manouche, por outro lado, é uma denominação deles para um de seus principais ramos. É o grupo do qual vêm Django e muitos de seus principais discípulos, até que o estilo começou a se espalhar entre os gadjé.

Até mais,

O Editor