Pesquisar este blog

sábado, 30 de julho de 2011

Jazz Cigano Quinteto lança o primeiro CD!


Eis que hoje recebo grata supresa dos Correios: chega às minhas mãos o CD do Jazz Cigano Quinteto, enviado pela banda. Já tinha escutado na web, mas estava preparando com carinho um post a respeito. Eles me concederam a honra de fazer o texto do encarte, permitindo ainda que eu divulgasse o link do DJANGOLOGIA. Em papos online com o Vinícius Araújo, o outro guitarrista do JCQ, pedi detalhes de como tinha sido o processo de gravação.

Vinícius contou que foi uma produção independente, bancada com o dinheiro dos shows que fizeram nos últimos dois anos. Contaram ainda com a boa vontade do pessoal da Curitiba Audiowizards (que recebe aqui o agradecimento penhorado deste blogueiro).

"Apresentamos a ideia do grupo ao Lauro (Rímoli, um dos sócios), ele gostou bastante e topou fazer um preço extremamente camarada. " Sem a ajuda dele ia ser impossível ter esse projeto hoje. Sem falar que é um excelente técnico e tirou leite de pedra dos nossos instrumentos, que não são lá grande coisa...", brincou.

O CD tem preço mega-acessível (R$ 15), portanto, não há nem o que reclamar. É só comprar. Por enquanto, eles ainda estão buscando um esquema de distribuição, portanto, precisa entrar em contato direto com a banda, pelo email jazzciganoquinteto@gmail.com.

Para o próximo CD (que bom que já pensam no próximo!), o guitarrista afirma que a banda quer tentar reforçar a captação de recursos com incentivos fiscais. Um dos motivos, explica Vinícius, é poder bancar os direitos autorais de temas que não estão em domínio público – o que explica a
ausência dos temas compostos por Django e outros manouches.

Ouvindo o resultado, acho que a limitação orçamentária fez bem ao repertório. O estilo precisa de oxigenação, de novos temas. O CD traz dois choros de Pixinguinha (Lamentos e Naquele Tempo), duas tradicionais (Swing Gitane e Les Yeux Noirs/Dark Eyes/Otchi tchornie) e duas músicas (Armações ciganas e Ciganisses) que já apareciam no CD solo do Eduardo. Ainda sobra espaço para duas novas composições próprias: Aurul, do violinista John Theo, e Erica, também do Eduardo, ambas muito agradáveis aos ouvidos.

Pode haver alguém com melhor ouvido - ou algum chato - que discorde, mas o nível de execução do grupo me parece bastante elevado e as participações passam entusiasmo. Há demonstrações de virtuosismo aqui e ali, mas sem exagerar nem sair da melodia, sempre com ideias muito bem acabadas. Os músicos gravaram separadamente, por cima do violão guia tocado por Eduardo. Vinícius foi o primeiro a gravar, seguido por Eduardo, pelo contrabaixista Fred Pedrosa, por John Theo e, por fim, pelo percussionista Mateus Azevedo. Aqui, ponto e parágrafo.

A "bandeja cigana" do Mateus é um show à parte, que merece ser apreciado neste vídeo, em que ele demonstra primeiro cada peça em separado, e depois acompanha versões famosas de Les Yeux Noirs e Minor Swing. Apenas escutando, é completamente impossível adivinhar de onde está tirando os sons. Engenhosidade pouca é bobagem. Um instrumento no mais puro espírito cigano que pode ser sintetizado pela frase bastante usada aqui no Rio, "se a vida te dá um limão... faça uma caipirinha".



"É horrível fazer isso sem ouvir o que os outros vão tocar", lamentou Vinícius. "Com mais dinheiro, daria para pagar uma gravação separada mas ao vivo, com diferentes salas pros instrumentos tocando ao mesmo tempo. Quando toca todo mundo junto, rola uma química bem diferente da gravação separada. Apesar disso, me surpreendi com o resultado", disse.

Outra ideia é trazer músicos convidados, os famosos canjeiros. Um deles, inusitado, acabou sendo incorporado à banda: "O Lucas Miranda é um cavaquinista de choro que vinha tocando jazz manouche no cavaco ha um tempo nessas canjas e quase toda tarde la na FAP comigo. Inclusive substituiu o Eduardo, agora que ele foi pros Estados Unidos. Agora, ele está tocando um violão de boca em D no Quinteto... fizemos algumas apresentações com ele e já está mandando muito bem, absorveu bem rápido a linguagem".

Também mais manouche impossível é a foto de divulgação, que aparece no começo deste post, com os cinco parados diante de um Corcel antigo, com a pintura impecável num azul digno da década de 1970. Imaginei que tivesse havido alguma produção, e fui perguntar. Planejado? Qual o quê. "Aconteceu totalmente ao acaso. Íamos tirar umas fotos em uma linha de trem aqui em Curitiba, e no outro lado da rua tava aquele corcel parado. Batemos umas três ou quatro fotos com ele antes do dono voltar e saímos correndo do lugar! Acabaram sendo as melhores fotos desse dia, virou material pra vários cartazes de shows nossos", contou Vinícius, rindo.

Um comentário:

Eduardo disse...

Uhul!!!
To esperando os meus Cd aqui em Boston!