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domingo, 4 de maio de 2008

Stephane Grappelli (26/1/1908 - 1/12/1997)






FOLHA DE SÃO PAULO
Terça-feira, 2 de dezembro de 1997


Morre o violinista Stephane Grappelli
das agências internacionais

O violinista francês Stephane Grappelli morreu ontem, aos 89, em uma clínica em Paris. A notícia foi dada por seu agente, Jacques Chartier.
Nascido em 26 de janeiro de 1908, Stephane Grappelli havia sido hospitalizado na semana passada para ser operado de uma hérnia.

Considerado um improvisador extraordinário, com uma maneira de tocar lírica e terna, Grappelli foi influenciado pela herança cigana de Django Reinhardt, com quem fundou, em 1934, um quinteto.

Na década de 50 e 60 Grappelli se apresentou em vários clubes da Europa e realizou gravações com vários músicos, entre eles o pianista norte-americano Duke Ellington.

Entre seus principais trabalhos estão "Homage to Django" (1972), "Live in London (1973), "The reunion with George Shearing" (1976) e Live in San Francisco" (1982).

Comentando o trabalho de Grappelli, o violinista clássico Yehudi Menuhin disse que "Stephane é como um malabarista que joga os pratos para o ar para depois apanhá-los antes que caiam".


Músico inseriu o violino no jazz
Édson Franco, da reportagem local

Apesar de ter concorrentes de peso, como Joe Venuti e Stuff Smith, Stephane Grappelli é o responsável pela inserção do violino no mundo do jazz.

E fez isso pelo caminho mais difícil. Defensor do suingue, ele explorou as variantes percussivas de um instrumento eminentemente melódico.

Nas mãos de Grappelli, o violino abandona a linearidade e as notas sustentadas por um longo tempo, herança da tradição erudita do instrumento.

No lugar disso, entra em cena com a síncope, a noção elástica de tempo, o fraseado irregular. Em uma palavra: suingue.

Originalmente um autodidata no piano e no violino – embora tenha estudado no Conservatório de Paris entre 1924 e 1928 –, Grappelli começou tocando em cinemas e grupos de baile.

Essa situação perdurou até 1933, ano em que o violinista conheceu o guitarrista cigano Django Reinhardt. Juntos, eles montaram o Hot Club de France, quinteto que brilhou até o começo da Segunda Guerra Mundial, em 1939.

Embora tenha gravado com Duke Ellington na década de 50, Grappelli continuou obscuro nos EUA até os anos 70.

De lá para cá, sem jamais por o suingue de lado, tocou com Earl Hines, Larry Corryell, Oscar Peterson, Joe Pass e McCoy Tyner.



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COMENTÁRIOS:

- Não há qualquer referência ao fato de Grappelli também tocar piano, de forma tão excepcional quanto o violino.

- Dizer que ele foi 'influenciado pela herança cigana' de Django é um exagero poético perdoável.

- Grapelli conheceu Django no outono de 1931, na boîte La Croix du Sud, onde o violinista se apresentava. Em suas memórias, ele costumava destacar como Django lhe parecera ameaçador, portando-se como um gângster. Eles se reencontraram no Hotel CLaridge, em 1934, quando o quinteto foi formado – não em 1933.

- Ele e Django não 'montaram o Hot Club de France'. O Hot Club havia sido criado em outubro de 1932 por Pierre Nourry, Hughes Panassiè, Jacques Auxenfans e Elwyn Dirats. O quinteto que os dois integraram, por sua vez, foi fruto da intervenção de Charles Delaunay, que tomou para si o papel de agente do grupo, cuja música o clube vinha promovendo.

- Ao mencionar Yehudi Menuhin, poderia ser acrescentada referência à apresentação que os dois fizeram juntos no programa de Michael Parkinson na BBC, veiculado na noite de 19 de dezembro de 1971, de onde surgiu toda a admiração do violinista israelense pelo camarada francês. O vídeo está disponível no Youtube.

- Também não custava dizer, já que se trata de um jornal brasileiro, que Grappelli gravou com o violonista Baden Powell, na década de 1980.

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